Solidão que me abraças
com o doce sabor do mel
Que nunca me abandonas
Que nunca me abandonas
dessa tua fidelidade cruel
Desencontro-me da vida
Desencontro-me da vida
e aninho-me nos teus braços
Perdida do tempo, do mundo,
Perdida do tempo, do mundo,
de tudo aquilo que me rodeia
Encenas o teu papel de eleita,
Encenas o teu papel de eleita,
teces-me ardilosa essa teia
Hoje não te quero sentir,
Hoje não te quero sentir,
pois não preenches este vazio
Quero uma mão que me segure,
Quero uma mão que me segure,
um abraço que perdure
Quero sentir-me e descobrir-me,
Quero sentir-me e descobrir-me,
marcar encontro comigo
Perceber o que me vai na alma,
Perceber o que me vai na alma,
descobrir-me sem medo
Deixar rolar uma lágrima de desalendo,
Deixar rolar uma lágrima de desalendo,
não és amiga és tormento
Grito no silêncio palavras de amargura,
Grito no silêncio palavras de amargura,
caminho no teu rochedo
Quero sentir o que não sei existir,
Quero sentir o que não sei existir,
perceber o que não sei ver
Embrulhaste-me num véu de dor,
Embrulhaste-me num véu de dor,
submissa à tua dura presença
Que se soltem as amarras disfarçadas
Que se soltem as amarras disfarçadas
que aprisionam o meu eu
Quero caminhar sem te ter na minha sombra,
Quero caminhar sem te ter na minha sombra,
liberta-me agora
Quero ser livre da tua escuridão,
Quero ser livre da tua escuridão,
quero estar comigo nesta hora
Devolve-me as asas da vida
Devolve-me as asas da vida
que me roubaste deixando uma ferida
Procura consolo nos destroços
Procura consolo nos destroços
dos momentos e instantes perdidos
Quero fechar-te a porta da tristeza,
Quero fechar-te a porta da tristeza,
abrir os sentidos à vida
Devolve-me os afectos esquecidos,
Devolve-me os afectos esquecidos,
os farrapos de instantes queridos
Cansei-me de abraçar o teu sentimento frio,
Cansei-me de abraçar o teu sentimento frio,
desordeiro, vadio
Vai embora e deixa-me comigo,
Vai embora e deixa-me comigo,
não quero estas lágrimas em vão
Choro de te saber sempre persistente,
Choro de te saber sempre persistente,
desespero nesta escuridão presente
Vai, eu vou-me procurar sem receio de sentir,
Vai, eu vou-me procurar sem receio de sentir,
de viver, de voltar!
Cláudia Ferreira
Cláudia Ferreira
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