quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

CORPO E ALMA







Tenho uma alma de pássaro
aprisionada num corpo de mulher
Espírito que vagueia
pelo incerto desconhecido,
não tem receio
Sente-se aprisionado,
limitado ao que os outros esperam ver
Luta sem tréguas,
convivência turbulenta,
conflito interno do ser
Tento transmitir nos meus gestos
o que sei que quero esconder
Contenho-me no meu grito,
não me permito revelar-te neste meio
Mas este espírito não é conformista
e sabe o seu voo de liberdade
Cruza-se e encontra-se com este corpo,
num calafrio, num arrepio
Impõe-se, faz sentir,
pensar, chorar, amar,
sentimentos em rodopio
Este corpo cansado mas teimoso nega-te,
sabendo-te tão livre,forte
Esconde o que percebe, cobarde,
teme o que a sociedade rejeita
Porque não recebes a riqueza
do teu espirito inconformista? Não sei...
Compreendo que esta convivência
não se vive ordeira nem pacifica
Vivo um tumulto, sobressalto,
nostalgia, conflito, contradição de mim
Tudo seria tão mais simples
se esta boca te desse voz,
espírito de luz
Confinado nas trevas da ignorância,
sobrevive da dor que quer e produz
Não percebe que tu és puro,
conhecedor, fugaz, sensível,
que quer paz
Corpo abandonado
que não te permites ao desconhecido,
à reconciliação
Quantos dias te arrastas em vão,
quantos passas sem os ver nem viver?
Abre o peito a esta alma de pássaro
que com sede bebe o mundo aqui e ali
Rende-te a um espírito
que te pode colmatar o vazio,
suspender o temor
Sabes quem és, porque te negas?
Liberta-te das amarras que o corpo dita
Deixa que o teu espírito regresse
desse caminho que sabes existir, a sorrir
Quero ser canto de ave, perfume de rosa,
força do mar, brisa doce e suave
Quero ser corpo com espírito presente,
que não se nega, sabe, vive e sente
Volta pacífica convivência que me atormenta,
sai dor que este conflito acarreta
Agora mudei, reflecti,
percebi que a comunhão dos sentidos,
requer outra atitude
...VIVER A PLENITUDE!



Cláudia Ferreira

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