quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

ANJO NEGRO




Escondida de mim
nesse lugar distante e sombrio
onde o sol não aquece o coração
que se esquece da sua função,
nesse lugar de onde me omito
de viver na multidão perdida
na lentidão de um momento que se arrasta,
presa a um olhar de solidão que devasta,
eis que escuto o eco de uma alma
que voa arrastando uma poção
de luz escondida
nas asas negras esbatida,
um anjo que se esconde
na sombra do seu esplendor
temendo que as suas asas possam tocar amor,
cai uma pena que agarro
e olho aquela imagem imortalizada
perplexa vejo que viajo
no rochedo sem medo,
agarro essa asa que se estende
e desarmada deixo-me guiar
pela magia que me prende,
fecho os olhos e deixo que me leve
no sobressalto de um voo no escuro
na paz de uma nuvem breve,
eis que sinto que ainda sou
quem já julgava ter escondido
raio de ternura me desperta
trespassa-me voz incerta
que escuto como violinos,
anjo negro tu não és,
pois encerras em ti o arco-íris
de cores tão luminosas, harmoniosas,
reflexos que cantam hinos...



Cláudia Ferreira
04/12/2009

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