quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

QUANDO


Quando todas as portas se fecham
e todas as luzes se apagam
percebo que todas as mãos se retraiem
que somos aquilo que temos
que os olhares materialistas
de almas capitalistas
e vidas de ostentação
apenas conhecem e apreciam esta razão
e desconhecem o valor
de um ser ou de um coração.
Quando sinto este vazio enorme
que me atormenta e me consome
percebo que nunca tive amigos
percebo que tudo tem um preço
que se compram e vendem afectos
e se adquirem titulos no banco des favores
são estas pessoas despojadas de valores
perante quem todos se curvam
e enaltecem os seus louvores.
Como fico angustiada
ao perceber esta nua verdade
ao perceber que nas relações humanas
tudo é farsa, nada é realidade
todos se movem sem sinceridade
neste jogo de avidez e poder
onde se pisam os trilhos da ganância
luxúria, cobiça e malvadez
e se usam os que são seres humanos
como peças de um grande jogo de xadrez.
Sinto-me só neste mundo
que vejo com os meus próprios olhos
onde procuro e não encontro
os valores que tanto cultivei
aos quais sempre serei fiel
e que nem mesmo perante a dor
que me assola os sentidos e
me rouba momentos vividos
não me permito viver num mundo
onde todos dizem palavras em vão
inventam sentimentos e usam-nos
por egocentrismo e pura diversão.
Sinto esta tristeza tão grande
que so sente quem é realmente gente
este aperto no peito que esconde
um coração desenganado e ferido
estas lágrimas que teimam em rolar
destes olhos cansados de tentar ver
alguém que ainda saiba o que é sentir
que ainda acredite na amizade pura
ou no amor sincero que perdura
para além dos interesses e dos egos
e que sabe que ele é a razão
de uma existência humana
que sem ele os barões da frieza
podem conseguir o mundo inteiro
mas nunca terão a alegria de experenciar
esta que é sem qualquer dúvida
a mais bela, nobre e verdadeira riqueza!
Para essas criaturas olho e não sinto raiva
não, não sinto ódio, apenas sinto tristeza...



Cláudia Ferreira

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