domingo, 31 de janeiro de 2010

REFLEXÃO





Debruço-me sobre mim
aconchegada
por este lençol enrodilhado
reflexo de um corpo cansado
das acrobacias da lenda pessoal
imperadora de aventuras entre os atalhos
de esperança traçados com pulso de fé
adornado pela pureza de uma rosa branca
que perfuma a mulher
com alma de criança.
Aliso o pano da tela que me revela
o imaginário colectivo
onde tropeço em palavras soltas,
sentimentos vazios,
projectos de vida inacabados
por seres em série fabricados
perdidos na estrada da fraqueza emocional
tomando percursos do reino material
esquecidos de sorrisos iluminados
escondidos no fato sem talho
dos sucessos inanimados
na glória da inocência anulada
pela hipocrisia mundana
da infelicidade calada.
Recolho a tela pois sei
que não me encontro nela
o meu ser está consagrado
a um caminho ladrilhado
pela sabedoria dos corações que falam
eles que se sabendo ignorados
gritam o que os homens
calam por medo de sentir,
aterrorizados
pela voz interior que os convida
a descobrir o universo que inquieto
lhes abre os braços e oferece tintas
das cores da essência humana
para que possam ser pintados
os mais belos quadros da vida
estradas de harmonia de inércia despidas,
aceito o desafio de colorir o meu destino
mas quero perder o receio e a hesitação
páro, escuto, penso...
ajeito-me determinada no véu da
reflexão...

Cláudia Ferreira
01/02/2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

As páginas onde te lês/Parabéns Cláudia






Cuidadosamente abres o livro
de uma vida a desabrochar
ensaias as palavras que denunciem
o teu viver
o teu olhar.

O vermelho com que vestes
o teu corpo
não e só da dor
que teimosamente
tentas decifrar
é o perfume de um amor
prestes
a nascer
numa alma a desabrochar

Não te percas
nesse livro de tristeza
e solidão
procura
na linguagem do tempo
as palavras que te afaguem
nas noites de solidão.

As paginas onde te lês
são de dor
de procura
traços desenhados
a cor preto
como a saudade
que guardas no peito
sentimentos escondidos
nas quimeras
que não crês.


Desabrocha a rosa rubra
que no teu coração plantas-te
rega-a com palavras de esperança
desfolha de novo o livro
com olhar renovado
de criança.


São Gonçalves
25/01/2010





Queria escrever com letras coloridas
as mais belas palavras de uma amizade
queria encher para si um cálice de felicidade
desenhar estrelas no caminho da vida
de quem me devolveu um sorriso esquecido
que com letras brotadas de uma alma genuína
me permitiu sonhar e ser de novo uma menina
queria erguer um palácio de emoções belas
espelhar o que sinto em traços de aguarelas
mas como sou apenas uma simples mortal
exprimo-me deixando falar o meu coração
nele esta gravado com ternura:
OBRIGADA SÃO!***

Claudia Ferreira
26/01/2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

ANJO NA TERRA




Tu que me observas com a alma
diz-me quem sou sem me saber
retrata-me à sombra da tua luz
desencontrei-me tanto da vida
por vezes lembro-me esquecida
em farrapos de lucidez vejo
uma mulher que se esconde
mas que se procura sem saber onde
quem sou?...
Nunca te esqueças que és
um anjo nesta terra imunda
nunca te esqueças que és
uma alma pura numa mulher linda
nunca deixes que alguns montes de lixo
a quem dão o nome de gente
seres vazios, sem emoção
nem qualquer tipo de percepção
te magoem, te façam sofrer
usem a tua bondade e
o teu coração cheio de pureza
por favor não deixes
que cheguem perto de ti
são sujidade, malvadez, crueldade
nunca te esqueças da tua essência translúcida
que apaga qualquer dor e
pode ensinar a esses vermes
o que é a palavra amor
nunca te esqueças que são seres contaminados
pelo interesse, cobiça, inveja,
traição, dinheiro, poder, submissão,
mentira, altivez e sem coração
nunca te esqueças o quanto és
diferente deles e especial
eles não passam de um fato de carne
de algo material nunca poderão compreender
alguém sensível, pura, verdadeira e leal
não te esqueças que está na hora
de dizeres não a tanta representação
esquece algumas coisas a quem chamam pessoas
chega de tristeza e aflição
não permitas que te façam derramar
nem mais uma lágrima por favor
isso provoca-me tanta dor
começa do zero e escolhe de entre esta multidão
alguém a quem se possa chamar pessoa
seres humanos sem enganos
sei que ainda existem
mas não sei onde para te dizer
sei apenas que tu conseguirás saber
e encontrar, aqui, na rua,
no trabalho ou em qualquer lugar
basta o teu olhar atento e limpo
e vais adivinhar
tu que vês a alma e o coração
de todos sem ilusão
vês os seus defeitos e mesmo assim
aceitas que te chamem de amiga ou amor
quando apenas te querem provocar dor
nunca te esqueça que não és mais alguém entre tantos
não, tu és especial, um ser doce e emocional, puro e real
UM ANJO NA TERRA
...nunca te esqueças...


Cláudia Ferreira / Anónimo
23/01/2010

SE AS TUAS MÃOS CHEGASSEM...


Se as tuas mãos chegassem agora
eu seria a menina que
se abandona nos teus braços
e sonha constelações de estrelas
envolta num rasgo de paixão
encerrado pela distância de um refrão
que condenou a tua ausência
e grita a solidão para que a ti alcance
o ritmo do meu coração.
***
Se as tuas mãos chegassem agora
que ventos cantariam
o brilho do meu olhar?
Que ondas acalmariam
o meu desejo de sonhar?
Rasgos de embriaguez emocional
tomariam a razão
no leito de dois corpos
que cansados de se perderem de si
rendem-se sem hesitação.
***
Se as tuas mãos chegassem agora
seria escrita a mais bela história de amor
onde o tempo e a ausência
não rezam a glória
de nos limitarem à dor
pois o meus dedos recusam
vestir as luvas do desespero
decalcam o teu rasto de retorno
num enlace sem demora pois
sinto-te, sei-te e quero-te
junto a mim, nós, sem demora.
***
Se as tuas mãos chegassem agora
que violinos tocariam
a melodia da minha alma?
Que raios de sol iluminariam
o meu sorriso deslumbrado?
Fecho os olhos e escuto
no estremecer da noite que cai
os teus passos de regresso
com sapatos de veludo
o regresso de quem nunca vai.
***
Se as tuas mãos chegassem agora
serias um prolongamento de mim
delírio coberto pela delicadeza do cetim
que envolve a pureza de um gesto
ao esconder uma lágrima de emoção
pois regresso desse lugar encantado
fito o horizonte em vão e
recolho-me a mim nessa hora
pois divaguei por saber
...que as tuas mãos não chegam agora...



Cláudia Ferreira
22/01/2010