quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

LUZES


Entre a multidão caminho
procurando um porquê ou um senão
escuto-te em cada riso de criança deslumbrada
revejo-te na arte de cada vitrine decorada.
Luzes brilhantes e efusivas
ofuscam meu olhar disperso
cores vibrantes gritam palavras de alento
a quem se distancia do universo.
Ruas que são encruzilhadas
pessoas sisudas, indiferentes
sem alma e que se dizem contentes
sorrisos forçados que retratam
quadros de vidas sem precedentes.
Sei que choras comigo
em cada gota de chuva
que refresca o meu rosto
que me desperta e alerta
para o labirinto que desenhamos
na busca de nós
nessa ansiedade incontrolada
resultante da vontade disfarçada.
Chamas-me em cada melodia
que inunda as ruas
espero escutar o que procuro saber
ser tumultuado por questões sem retorno
por respostas encenadas
abraçada ao vazio
pinto a alma de cores
numa tentativa desajustada
de recuperar o nada.
Sei que algures nos encontramos
não carecemos de tempo
e espaço definidos
leveza do ser que voas sem receio
pelas incógnitas que traduzes
o nosso tratado de esperança
que escreves nas luzes...


Cláudia Ferreira
23/12/2009

domingo, 20 de dezembro de 2009

APRENDI






Aprendi que as palavras leva-as o vento
ao invés dos gestos, eterniza-os o tempo
que é no mais puro e tão absoluto silêncio
que se gritam sentimentos de dor e amor
se escutam os corações que não se calam
brilham almas translúcidas que assim falam.
***
Aprendi que por detrás de um sorriso lindo
é onde se escondem as verdadeiras lágrimas
essas que teimam em brotar do inconsciente
que não quer nem sabe disfarçar aquilo que deseja,
sonha, sofre, anseia, grita, sente...
que o Homem teima em não perceber facilmente.
***
Aprendi que o tempo é um amigo precioso
ou por outro lado um inimigo tenebroso
que fecha feridas mas não dissimula cicatrizes
que se sobrepõe à página que queremos virar
que nos ilude de esperança e nos tira o medo
mas que não mostra se já é tarde ou ainda cedo.
***
Aprendi a confiar no desconhecido e no absurdo
a desconfiar do que é conhecido, lógico e visível
da mão que se estende depressa mas que não se vê
da promessa que nunca se cumpriu, um gesto vazio
as palavras doces que trazem tanto veneno consigo
que não conhecem limites e não nos dão abrigo.
***
Aprendi a urgência de saber aprender a viver
de enfrentar os obstáculos com mais serenidade
não cruzar os braços perante toda a adversidade
valorizar o esforço e a luta de quem ama a vida
e que sem recompensa, segura aquela mão perdida
com um sorriso de criança que aprendi a não perder
pois é tempo de perceber que...
...tenho tanto para aprender!


Cláudia Ferreira

20/12/2009

DILACERANTE




O meu suspiro ecoa no vazio do meu querer
na luz apagada de uma floresta cerrada
que a minha mente percorre na procura do nada
que encerra o todo esbatido pelas agruras
de um sorriso esquecido.
Grito surdo, ser imóvel, palavra apagada,
pensamento que voa sem chegar a destino algum,
sonho estilhaçado pelo teu silêncio ensurdecedor
presença marcada pela tua chegada à distância da dor..
Suspiro que traduz palavras por inventar,
cores por descobrir, portas por abrir,
caminhos que podem existir...
Mergulho sem mar nesta ausência tão presente,
papel rasgado pelo vento, pintura desvanecida pela chuva,
momento que se
prolonga para além do tempo,
que sobrevive dos instantes de outrora,
perdidos da razão,
enlouquecidos pela paixão, enegrecidos pela mão
que agarra o vazio e se segura em vão.
A eternidade é curta para quem sente desenfreadamente,
uma vida é pouco para te amar demais...
Saudade que dói sem se saber aterradora,
perdição do ser de nostalgia nutrido,
punhal afiado de lágrimas reconfortado,
alma sofrida pela adversidade concebida...
Trespassa-me saudade atroz
pois apenas escuto essa tua voz
que me conduz de olhos vendados
a esse lugar desconcertante
onde desnuda de esperança te revelas
...DILACERANTE!


Claudia Ferreira
19/12/2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

ANJO NEGRO




Escondida de mim
nesse lugar distante e sombrio
onde o sol não aquece o coração
que se esquece da sua função,
nesse lugar de onde me omito
de viver na multidão perdida
na lentidão de um momento que se arrasta,
presa a um olhar de solidão que devasta,
eis que escuto o eco de uma alma
que voa arrastando uma poção
de luz escondida
nas asas negras esbatida,
um anjo que se esconde
na sombra do seu esplendor
temendo que as suas asas possam tocar amor,
cai uma pena que agarro
e olho aquela imagem imortalizada
perplexa vejo que viajo
no rochedo sem medo,
agarro essa asa que se estende
e desarmada deixo-me guiar
pela magia que me prende,
fecho os olhos e deixo que me leve
no sobressalto de um voo no escuro
na paz de uma nuvem breve,
eis que sinto que ainda sou
quem já julgava ter escondido
raio de ternura me desperta
trespassa-me voz incerta
que escuto como violinos,
anjo negro tu não és,
pois encerras em ti o arco-íris
de cores tão luminosas, harmoniosas,
reflexos que cantam hinos...



Cláudia Ferreira
04/12/2009

SAUDADE DE MIM


Saudade de mim,
quero saber onde fiquei
onde me esqueci
que ainda existo e desisto
nesse lugar distante,
tão frio e sombrio
onde não consigo sentir o sangue aquecer
onde me abandono
e apenas quero esquecer.
Quero sentir um fremito pleno de paixão
que me faça sentir a minha existência ausente
que perturbe a minha prudência,
me aqueça o coração
sem medo que paraliza
e receio que não concretiza
sentir esse abraço forte
que protege e me diz calor
um olhar que toca com carinho,
um gesto que dá amor.
Saudade de mim,
de sentir que estou viva e quero viver
de acariciar a minha alma
com a seda macia dos sonhos
esse odor de rosas delicadas
que me preenche a pele
um raio de sol quente
que me desperta e acalenta
o ser disperso pela solidão
e ausência de quem sou
que venha essa melodia doce
que desperta o meu ser.
Saudade de mim,
aquela que desconhece a amargura
que sempre se preservou dos seres imundos e é pura
que acredita em contos de fadas,
em amores avassaladores
que sabe e sente com a intuição,
pinta os sentimentos de cores
se senta à beira-mar
e olha o longínquo horizonte
e o vê tão perto
com a pureza de um anjo
que distribui verdade que perdura e
...acredita no valor de uma jura!


Cláudia Ferreira

QUANDO


Quando todas as portas se fecham
e todas as luzes se apagam
percebo que todas as mãos se retraiem
que somos aquilo que temos
que os olhares materialistas
de almas capitalistas
e vidas de ostentação
apenas conhecem e apreciam esta razão
e desconhecem o valor
de um ser ou de um coração.
Quando sinto este vazio enorme
que me atormenta e me consome
percebo que nunca tive amigos
percebo que tudo tem um preço
que se compram e vendem afectos
e se adquirem titulos no banco des favores
são estas pessoas despojadas de valores
perante quem todos se curvam
e enaltecem os seus louvores.
Como fico angustiada
ao perceber esta nua verdade
ao perceber que nas relações humanas
tudo é farsa, nada é realidade
todos se movem sem sinceridade
neste jogo de avidez e poder
onde se pisam os trilhos da ganância
luxúria, cobiça e malvadez
e se usam os que são seres humanos
como peças de um grande jogo de xadrez.
Sinto-me só neste mundo
que vejo com os meus próprios olhos
onde procuro e não encontro
os valores que tanto cultivei
aos quais sempre serei fiel
e que nem mesmo perante a dor
que me assola os sentidos e
me rouba momentos vividos
não me permito viver num mundo
onde todos dizem palavras em vão
inventam sentimentos e usam-nos
por egocentrismo e pura diversão.
Sinto esta tristeza tão grande
que so sente quem é realmente gente
este aperto no peito que esconde
um coração desenganado e ferido
estas lágrimas que teimam em rolar
destes olhos cansados de tentar ver
alguém que ainda saiba o que é sentir
que ainda acredite na amizade pura
ou no amor sincero que perdura
para além dos interesses e dos egos
e que sabe que ele é a razão
de uma existência humana
que sem ele os barões da frieza
podem conseguir o mundo inteiro
mas nunca terão a alegria de experenciar
esta que é sem qualquer dúvida
a mais bela, nobre e verdadeira riqueza!
Para essas criaturas olho e não sinto raiva
não, não sinto ódio, apenas sinto tristeza...



Cláudia Ferreira

ESCREVO


Escrevo...
para falar
sobre o que não posso dizer,
escrevo...
para lembrar
o que jamais poderei esquecer.
Escrevo...
e apago
palavras em vão
onde tento sem sucesso
aliviar a dor de um coração.
Escrevo...
o que era ou ainda sou
o que sinto e o que penso
aquilo que grito
e quero calar
e que nunca se ausentou.
Escrevo ...
na tentativa
de me encontrar
ou então de me perder
mas sinto que o faço
para ter razão de viver.
Escrevo...
sobre sentimentos
onde a esperança
e o desalento se saudam
numa incessante procura
de entender as realidades
que mudam.
Escrevo...
palavras que apago
numa tentativa desesperada
de calar a dor, rasgar a solidão
resgatar a amizade e o amor.
Escrevo...
porque a angústia
não cala o que a alma fala
porque o silêncio não se quebra
porque a alegria não se celebra.
Escrevo...
nas busca de reencontrar
a paz tão ausente
a fé de quem é crente
a voz que desejo escutar
o gesto que sonho ver
algo que me possa amparar.
Escrevo...
sem escrever
aquilo que sonho dizer
sem perceber onde procurar
aquilo que se pode encontrar
para não permitir
que uma lágrima caia
que um sorriso se apague
que um olhar triste
se distraia
por isso...escrevo!


Cláudia Ferreira

ESPERA


Espera por mim felicidade,
peço-te que me aguardes,
não permitas que fique submersa
nesta tristeza cruel
onde apenas a dor me é fiel.
Espera por mim felicidade,
quero viver de verdade
não uma vida de ilusão,
onde os dias passam em vão
onde espero sem esperar,
que me venhas resgatar.
Espera por mim felicidade,
quero alcançar esse lugar
onde o sofrimento se dissipa,
pois ainda se acredita
que o mundo tem cor,
que que os dias não são vazios
e os sentimentos tem valor
onde se conhece amor,
amizade e solidariedade
não desistas de mim felicidade,
sei que tudo tem um principio
e um fim
por isso luto para te alcançar,
como uma criança que acredita
que existe um lugar
onde se pode voar,
onde se sente alegria e harmonia
se sorri e se vive cada dia
com a certeza que a tristeza
não pode alcançar
a quem a ela tenta resistir
e tenta descobrir o sopro
que te traz de volta para ficar
Espera por mim felicidade,
o que mais quero no mundo
é poder abraçar-te!
ESPERA...
pois não quero mais esperar!

Cláudia Ferreira

CANSADA


Cansada do tempo
que avança
e me deixa parada
sem que possa sair
deste lugar
onde me condenou
a ficar estagnada.
Cansada de acreditar
no que me ilude
e desilude
nas promessas em vão
onde nada é verdade
e o que resta é solidão.
Cansada de tentar entender
o que todos fingem perceber
e que na realidade
nem conseguem ver.
Cansada de palavras em vão
de mentiras crueis
que aguardam
sempre o meu perdão
que me rasgam por dentro,
que me roubam o momento
e apenas soltam o eco
de um não.
Cansada de ser tolerante
perante a falsidade constante
que finjo não perceber
e choro por entender.
Cansada de não ver gestos
apenas hipocrisia
e adversidade
embaixadores da crueldade,
perversidade, insensatez
e ausencia de verdade.
Cansada de uma caminhada
onde não ha estrada
nem luz
onde caminho sozinha
e carrego
a minha cruz
Cansada de esconder
o que sinto
o que penso
e o que vivo
ou o que sinto e não vivo
o que vivo na ilusão
de um dia ser verdade
de existir
uma pura realidade
onde vou poder sair
de onde me escondi
dentro de mim.
Cansada de esperar
e esperar
sem me cansar...



Cláudia Ferreira

SOU


Sou tudo o que tenho
tudo aquilo que restou
de uma tempestade terrível
que tanto tempo me assombrou.
Sou tudo o que tenho
ou que não tenho e não sou
uma folha de linhas inacabadas
um diário onde se apagam entradas
uma lágrima que teima em correr
num rosto que espelha uma alma
de um ser cansado de sofrer.
Sou tudo o que tenho
de uma vida de procura incessante
de um sorriso luminoso
de um abraço caloroso
de uma mão que se estende
de um ser que compreende
palavras que ainda estão por inventar
actos, momentos, vivâncias
que exitam em desabrochar.
Sou tudo o que tenho
pois nada mais restou
desta caminhada solitária
numa encruzilhada arbitrária
que sempre me torturou.
Sou tudo o que tenho
que a dor não arrebatou
sou uma folha rasgada
uma casa desabitada
uma praia selvagem
uma brisa, uma aragem
que chega sem chegar
que sopra para tocar
aquilo que os dedos não alcançam
nem os sentidos descobrem
algo que aguardo sem saber
se consigo percorrer
os degraus que se mostram e escondem.
Sou tudo o que tenho
e que tenho de aprender a amar
sei que sou o meu tesouro
o meu baú preenchido de ouro
que ao enxugar as lágrimas
tenho de buscar, compreender
pois so no dia que o conseguir
sei que estarei de novo a viver!



Cláudia Ferreira

ENGANOS







Enganos tamanhos
que me fazem crer
que numa floresta sombria
ainda pode existir alegria.
Enganos crueis
onde chego a duvidar
se é melhor viver e acreditar
na ilusão de um engano
ou na realidade que faz chorar.
Enganos recheados de luz
que deixaram acreditar
que nas trevas e na escuridão
é possivel ainda
ver o sol brilhar.
Enganos que magoam
cheios de armadilhas
onde com rostos alegres
e palavras de cores
tatuam em mim fortes dores.
Enganos de quem neles vive
e obriga a viver
quem ainda acredita
na pura essencia de um ser.
Enganos carregados de fé
e mascarados de esperaça
que incutem em mim
a credibilidade de mudança.
Enganos que me abraçam
com braços fortes e ardilosos
dos quais me tento soltar
por sabe-los tão perigosos.
Enganos que perduram
no coração de quem é vitima
da boa vontade de confiar
na certeza de quem apenas
quer com frieza torturar.
Enganos que amarram a vida
de quem cai na sua teia
se enlaça sem perceber
numa realidade tão feia.
Enganos feitos de sonhos
de arco-iris decorados
que encerram sombras temiveis
de seres contaminados.
Enganos que não sabem nada
onde os sem caracter se escondem
seres vazios e engenhosos
que espalham angustia
sempre que podem.
Enganos que vejo e sinto
perdida neste labirinto
de espelhos sem reflexo
do enganador cheio de arte
que a si proprio deixa perplexo.
Enganos que quero desvendar
abrir o véu que os esconde
para o poder rasgar
para que a pureza retome
a plenitude do seu lugar.
Enganos que um dia
se desmoronam
sem que a torre de frieza
os possa apoiar
pois quem vive da dor que provoca
não pode estender a mão
e o seu grito sera em vão!

Cláudia Ferreira

MOMENTOS


Momentos onde vejo a presença
de uma tristeza que me rouba a inocência
me transporta numa caminhada dura
que me assombra e que perdura.
Momentos que assolam a minha alma
me roubam a serenidade
e destroem a calma
sem certezas nem sonhos
apenas tormentos e enganos.
Momentos que quero esquecer
apagar e nunca mais os vivenciar
apenas pensar que esse dia vai chegar
esse dia de encantos
onde perdem lugar os prantos
onde chega a alegria
e uma suave melodia
que me enche os sentidos
e devolve a alegria.
Momentos que serão sempre uma presença
um lugar seguro
onde poderei viver com confiança
sem medos nem receios
onde viverá eternamente a esperança.
Momentos de instantes construidos
sem lugar para a incerteza
onde habita a verdade, a pureza
onde sorrio o sorriso que irei resgatar
que ficou perdido em algum lugar
onde a dor manchou a felicidade
sem me pedir perdão
assumindo a crueldade.
Momentos onde me busco
onde escuto o meu eco de desalento
onde me procuro e não me encontro
neste labirinto obscuro e solitário
sem perceber como encontrar um atalho.
Momentos que são instantes decisivos
onde tudo e nada se cruzam
sem piedade deste coração de que abusam
sem pedirem para ficar
e teimarem em abandonar
quem espera uma brisa suave
uma música doce que apague
uma dor que arde e queima
que me devora e ignora
que luto para a destruir
que sei que vou conseguir
esse instante que vai chegar de rompante
e tomar de assalto quem me escondeu
quem camuflou o meu EU
que permanece adormecido
à espera de ser devolvido.
Momentos onde a vida revela
toda e qualquer lei que nela impera
onde mostra que me aguarda ansiosa
por me libertar desta inercia tenebrosa
onde mergulhei e não regressei
num remoinho de desilusões
que pedem para cessar, pois sabem
que necessito voltar.
Momentos que me aguardam
cheios de fé e de esperança
de que me encontre e me resgate
recupere e renasça
como quem olha o mundo pela primeira vez
sem carregar o passado e com plena lucidez
que a vida me estende a mão
e eu a seguro com força
a força de quem quer agarrar o mundo
caminhar seguro e atento
sei que chegou o momento...

Cláudia Ferreira

MENTIRA


Mentira perfida e cruel
que chegaste com palavras
doces como mel.
Mentira com nome e com rosto
que so provoca desgosto
e se alimenta da tristeza
de quem atormenta.
Mentira que perdura
com promessas e jura
que envolve e ilude
que destroi e constroi
usando um coração puro
da forma mais rude.
Mentira que vejo e sinto
que acreditei e confiei
à qual entreguei a minha vida
sem saber que nessas mãos
me encontraria traida.
Mentira que devasta
a minha alma de criança
que sempre alimentou
a esperança
que fez sonhar e sorrir
pelo puro prazer de destruir.
Mentira que vives de engenhos
tramas e esquemas
que sustentas com aquilo
que inventas
que sorris ao ver sofrer
e te felicitas por fazer doer.
Mentira que acreditei
sem questionar ou duvidar
que devagar ocupaste
o teu lugar.
Mentira que rasga
quem em ti confiou
quem contigo fez planos
que com o teu coração sonhou.
Mentira que me roubaste
quem era e quem sou
que impera sobre a pureza
que nunca levantou incerteza.
Mentira que me truxeste luz
que me atira por terra
me faz sentir sem vida
me destroça e consome
que tem rosto e tem nome!

Cláudia Ferreira

UM DIA...


Um dia...

que aguardo ansiosa
esse dia que trará a vida prodigiosa
onde tudo sera tão delicado
como o suave perfume de uma rosa.
Esse dia enxugará as lágrimas
trará o sorriso perdido no escuro
entrara de rompante no obscuro
para dele me libertar para sempre
mostrando-me a luz permanente.
Quando desespero de angústia e dor
quando percebo que ja não existe amor
luto para acreditar nesse dia que chega
que vem para ficar,
nunca mais me abandonar
entregue ao tormento e ao desalento
à solidão e ao sofrimento perverso
que tumulta a minha existência de ardor.
Que chegue esse dia de mudança
na plenitude da luz e da esperança
aguardo-o como se não tivesse ido
ao túnel escuro de quem vive de dor
abre o coração e não recebe a invasão
da alegria contagiante e plena
da serenidade perfeita e real
que me torna imune à crueldade do mal.
Quando esse dia chegar estarei aqui
para mostrar ao mundo que resisti
que guardo o que de melhor existe em mim
que o tempo não me apagou, não
que continuo cheia de sonhos e razão
que vou deixar sentimentos desabrochar
e tudo o que mais anseio vou concretizar
...um dia!

Cláudia Ferreira

MUNDO




Como é complicado entender
este mundo tão desordenado
sem condutas morais e razão
sem lugar para a sensibilidade
ou o simples abrir de uma mão.
Que mundo alheio e avesso
a tudo o que nele acontece
onde quem dita as condutas
são os interesses pessoas
num jogo desenfreado de rivais.
Que mundo complexo e amargo
onde tento encontrar um caminho
que possa percorrer e entender
pois ja nem mesmo sei quem sou
não entendo o que se dispersou.
Mundo que me envolves
numa teia de interrogações
onde as certezas não têm lugar
pois a cada instante as fazes apagar.
Mundo imenso e tão completo
reflecto de enigmas que tento desvendar
labirintos e rodopios que fazem questionar
qual o meu papel neste palco imenso
onde cada dia é um recomeço, um inicio
uma esperança de virar tudo do avesso
ou de a vida me mostrar qual o meu
respectivo papel neste conturbado lugar!

Cláudia Ferreira

DISSESTE...



Disseste ADEUS...
como quem diz cheguei,
voltei, estou aqui outra vez
com uma felicidade notória
que pensei não ser real
com a leveza de quem sempre usou
palavras em vão
de quem sempre magoou
para para ter o meu perdão.
***
Disseste ADEUS ...
de uma forma poderosa
com gestos e mimos cor-de-rosa
para esconder o que querias
realmente gritar para mim
algo que nunca tiveste a coragem
de dizer nem de ver
mas que eu tive a subtileza
de deduzir e entender.
***
Disseste ADEUS...
pois eu digo-te que estou aqui
para te estender a mão
pois apesar de seres inatingível
deduzo que tenhas coração
e que ele um dia ficará
de costas para ti porque não pode falar
porque por mais que tente
não o escutas nem te deixas ensinar.
***
Disseste ADEUS...
com a dureza de quem tranca
uma porta para se esconder
com a incoerência de quem diz adorar
mas que prefere pisar
cerrando um caminho, apagando uma luz,
ditando uma cruz
com um sangue que corre nas veias gelado
e não se permite aquecer.
***
Disseste ADEUS...
pois eu digo-te até sempre,
eu deixo sempre falar o meu coração
conheço palavras como carinho,
amizade, empatia e solidariedade
pois no meu mundo não é poderoso
quem age com altivez
não tem qualquer valor
a crueldade e a insensatez.
Não se brinca com vidas e se abrem as feridas...
Não se fecha uma mão!

Cláudia Ferreira

ESCONDO-ME


Escondo-me de mim e do mundo
escuto no silêncio o meu grito
caminho dentro deste labirinto
de sentimentos e momentos
de presenças e ausências
de sombras e transparências
onde me quero procurar
e procuro não me encontrar.
Escondo-me da vida e de mim
do passado que nunca esqueci
do futuro que aguardo ansiosa
sem saber quando se levanta
o véu desta existência conflituosa
tenho medo de viver e sentir
de sentir e não saber viver
neste jogo replecto de peças
que me assustam por não as saber.
Escondo-me de tanto que posso ver
por receio de sofrer, de errar, de perder
mas estendo a mão e não sinto
quem a segure com força e me sinta
perceba realmente quem fui e sou
quem me invada a alma e a desvende
me aqueça do frio desta solidão
não quero palavras apenas, sorrisos
frases feitas, lugares comuns, rostos
felicidade ilusória que sempre mente
quero uma mão que agarre
a minha mão com a força de quem
diz caminho, calor, felicidade e amor!

Cláudia Ferreira

INTEMPORAL







Quero sentir sem restrições
esta saudade que me queima o peito
Porque o que sinto não tem data,
não conhece tempo ou lugar
Num deleite de sentidos,
nesse jardim proíbido,
um sonho perfeito
Sentimento que incendeia os sentidos
e faz o meu sangue queimar.
Quem dita as regras do verdadeiro amor?
Ah, os que não sentem ardor!
Quem sabe sem nada conhecer,
não pode rotular ou ditar como se amar
Não permito que me imponham limites,
quero gritar no silêncio esta dor
Como te sinto tão perto sem te poder ver,
sei que espero sem aguardar.
Amei-te antes de te conhecer,
de saber-te no mundo, de te sentir e ver
Adivinhei-te com esse perfume de éden,
que me faz tremer, desejar, viver
Quem marcou a data do encontro do nosso olhar?
Foi a cumplicidade do luar
Quem entrelaçou os nossos dedos sedentos de paixão?
A força imensa do mar.
Procuro-te sabendo que não te encontro,
escuto o sussurar dessa voz terna
Cruzamo-nos no resgate dos nossos momentos,
com a sede de beber mais amor
Sabemo-nos afastados,
inconformados com os ditadores da frieza altiva e eterna
Que nos trancam a porta do caminho das emoções,
carinho, ternura, amor e calor.
Mas aquilo que nos une é alheio às convenções
e a todos os olhares de reprovação
O que sentimos, vivemos, procuramos,
desesperamos quer-se com luta e emoção
O tempo não marca presença,
a distância aproxima, a dificuldade traz a saudade
Somos dois corpos unidos numa alma pura,
que impera e dita a intemporalidade!

Cláudia Ferreira

SOLIDÃO






Solidão que me abraças
com o doce sabor do mel
Que nunca me abandonas
dessa tua fidelidade cruel
Desencontro-me da vida
e aninho-me nos teus braços
Perdida do tempo, do mundo,
de tudo aquilo que me rodeia
Encenas o teu papel de eleita,
teces-me ardilosa essa teia
Hoje não te quero sentir,
pois não preenches este vazio
Quero uma mão que me segure,
um abraço que perdure
Quero sentir-me e descobrir-me,
marcar encontro comigo
Perceber o que me vai na alma,
descobrir-me sem medo
Deixar rolar uma lágrima de desalendo,
não és amiga és tormento
Grito no silêncio palavras de amargura,
caminho no teu rochedo
Quero sentir o que não sei existir,
perceber o que não sei ver
Embrulhaste-me num véu de dor,
submissa à tua dura presença
Que se soltem as amarras disfarçadas
que aprisionam o meu eu
Quero caminhar sem te ter na minha sombra,
liberta-me agora
Quero ser livre da tua escuridão,
quero estar comigo nesta hora
Devolve-me as asas da vida
que me roubaste deixando uma ferida
Procura consolo nos destroços
dos momentos e instantes perdidos
Quero fechar-te a porta da tristeza,
abrir os sentidos à vida
Devolve-me os afectos esquecidos,
os farrapos de instantes queridos
Cansei-me de abraçar o teu sentimento frio,
desordeiro, vadio
Vai embora e deixa-me comigo,
não quero estas lágrimas em vão
Choro de te saber sempre persistente,
desespero nesta escuridão presente
Vai, eu vou-me procurar sem receio de sentir,
de viver, de voltar!

Cláudia Ferreira

CORPO E ALMA







Tenho uma alma de pássaro
aprisionada num corpo de mulher
Espírito que vagueia
pelo incerto desconhecido,
não tem receio
Sente-se aprisionado,
limitado ao que os outros esperam ver
Luta sem tréguas,
convivência turbulenta,
conflito interno do ser
Tento transmitir nos meus gestos
o que sei que quero esconder
Contenho-me no meu grito,
não me permito revelar-te neste meio
Mas este espírito não é conformista
e sabe o seu voo de liberdade
Cruza-se e encontra-se com este corpo,
num calafrio, num arrepio
Impõe-se, faz sentir,
pensar, chorar, amar,
sentimentos em rodopio
Este corpo cansado mas teimoso nega-te,
sabendo-te tão livre,forte
Esconde o que percebe, cobarde,
teme o que a sociedade rejeita
Porque não recebes a riqueza
do teu espirito inconformista? Não sei...
Compreendo que esta convivência
não se vive ordeira nem pacifica
Vivo um tumulto, sobressalto,
nostalgia, conflito, contradição de mim
Tudo seria tão mais simples
se esta boca te desse voz,
espírito de luz
Confinado nas trevas da ignorância,
sobrevive da dor que quer e produz
Não percebe que tu és puro,
conhecedor, fugaz, sensível,
que quer paz
Corpo abandonado
que não te permites ao desconhecido,
à reconciliação
Quantos dias te arrastas em vão,
quantos passas sem os ver nem viver?
Abre o peito a esta alma de pássaro
que com sede bebe o mundo aqui e ali
Rende-te a um espírito
que te pode colmatar o vazio,
suspender o temor
Sabes quem és, porque te negas?
Liberta-te das amarras que o corpo dita
Deixa que o teu espírito regresse
desse caminho que sabes existir, a sorrir
Quero ser canto de ave, perfume de rosa,
força do mar, brisa doce e suave
Quero ser corpo com espírito presente,
que não se nega, sabe, vive e sente
Volta pacífica convivência que me atormenta,
sai dor que este conflito acarreta
Agora mudei, reflecti,
percebi que a comunhão dos sentidos,
requer outra atitude
...VIVER A PLENITUDE!



Cláudia Ferreira

HOJE ESQUECI-ME...DE ME ESQUECER DE TI!




Existem momentos em que o coração
fala mais alto que a razão
Bate desenfreadamente
para te sentir aqui,
segurar a tua mão
Pobre não percebe que esta condicionado,
não é livre de falar
Quer gritar a todos o que sente
mas sei que não pode mais amar
Hoje esqueci-me de lhe sussurrar silêncio,
lembrar-lhe de esquecer
Devora-me a alma este sentimento algemado,
proibido, acorrentado
Sei que esquecer-te é o meu caminho,
o meu sofrimento, tormento
A força do pensamento cai por terra,
quando o amor entra e impera
Rola uma lágrima, cala-se um grito,
amarra-se na dor tudo o que sinto
Aninho-me em mim e fecho os olhos,
na esperança de me perder de nós
Mas estas mais presente que nunca,
um gesto, um sorriso, a tua voz
Tudo és tu, tento fugir de mim,
mas é tarde pois hoje esqueci-me...
de me esquecer de ti!


Cláudia Ferreira
03/12/2009
(continua)

UTOPIA...


Utopia...
Tu e duas sombras em sintonia...
Mero vento estilhaçado,
por raiado olhar
sentido na face,
de sentimento escondido...
Fogueira queimada sem nunca ter ardido,
anjo salgado, evaporado do mar...
Anjo escarlate,
em vermelho perdido...
Tu que gemes um silêncio
de tumulto ofuscado
pela razão encarceradora,
alma aprisionada que voa
em redor da essência da paixão avassaladora,
sonhas sem te atreveres revelar,
a lágrima que rola,
o desejo que arde,
sombra inerte nesse corpo atrevido,
que sugere calado o pecado temido...
Nobre desejo cristalino sentido...
Libertado num grito lânguido...
Usurpas a saudade de outrora...
És a liberdade duma aurora...
Raios de luz aprisionados em teu peito...
Ofusca meu olhar...
Mesmo que disfarces teu jeito...
Esgueiras-te nesse olhar translúcido...
Perfumado de rosas vermelhas,
gesto de uma singularidade sensual,
que sobressalta meu sangue nas veias,
maçã desse pomar de devaneio...
Que essas mãos de anjo oculto me estendem,
envolto em sentidos de mistério...
Lanças o teu calor sedento de prazer,
metáfora de amor...
Profano querer...
Estádio étero...
Em que me desencontro...
Paguei caro meu semblante sério...
Paguei a libertação do meu ser...
Quem sou que me abraço,
não me sinto ser devasso...
Apenas me predestino viver...
Eloquente esse sussurrar da brisa do teu eu,
leve, quente, perigoso...
Enigma que quero desvendar,
escondido nesse labirinto,
que teces ardiloso,
mas não vou temer,
olho-me no espelho
e vejo o teu reflexo de luz
que apaga a existência
sombria que me conduz,
guia-me ao paraíso da vida esquecida,
quero perder-me
submergindo na delícia da tua leveza,
quero sentir a vida pulsar,
no enlace do amar...
Toma-me nos teus bracos de éden,
tu és ardor, és magia...
Teu nome?
Utopia...



Cláudia Ferreira/Darkrainbow
03/12/2009